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  • Foto do escritorAilton Segura

A casa caiu.


Cabe aos generais a honestidade e respeitar a Constituição. Ou espere um novo golpe de Estado.

Por: Aylton Segura


O Estado Democrático de Direito, que constitucionalmente marca o regime brasileiro, está na encruzilhada. Ou continuamos como o país democrático preconizado pela Constituição de 1988 ou o destino da Constituição será a lata de lixo. É uma queda de braço que cada vez mais se acirra, em defesa e ataque à Constituição. A diferença é que agora as coisas se tornam cada vez mais clara, senão para a grande massa da população, pelo menos para uma elite mais esclarecida que consegue ver nas frestas da história o jogo de intenções que nos permeia.


Os tempos reveladores do final da década de 60, não só nos levaram ao famigerado AI-5, que definitivamente fez com que as forças armados usurpassem na totalidade o poder do Estado, mas trouxeram visões de nacionalismo e de bom caratismo de militares que viam e não aprovavam as posturas do Estado Maior. Lembro-me de um coronel (Leonidas Pires Gonçalves), que para garantir o “rancho” de boa qualidade para os praças, embainhava a marmita, em dias incertos e deixava o filé no Cassino dos Oficiais para saborear o picadinho de paleta junto com os cabos e soldados e garantir comida de boa qualidade para cabos e soldados. Leonidas era o comandante do 2º RO 105.


Leônides Pires Gonçalves, apelidado de “sabonetão” pelos mais de mil soldados do RO, com sede em Itu. Era duro na aplicação do RDE (a Constituição do Exército) e da mesma forma que zelava pelo bem estar da tropa enchia as prisões do quartel de soldados pegos em alterações graves (como dormir em postos de guarda). A despeito de sua postura humana para com a tropa, não admitia as famosas alterações.


O democrata Lenidas Pires Gonçalves, no seu papel. Imagem: Reprodução


Fui soldado dele e hoje, 50 anos depois, ainda o admiro. Verdadeiro guerreiro da elite do exército. Levava a sério sua posição de comandante. Tao a sério que passou, anos depois a ser o nº 1 das Forças Armadas com a redemocratização do país. (como general virou o ministro da Defesa de Sarney).


Nacionalista, bem diferente do ex-comandante do Exército, se interferia nas questões de ajuste militar era para favorecer o Exército, no qual ele acreditava. Não ficava a mandar mensagens ameaçando a covardia dos ministros do STF, para favorecer um golpe de Estado, como confessou Eduardo Villas Bôas no livro “General Villas Bôas: conversa com o comandante”. “a proibição” do habeas Corpus resultou na eleição de Jair Bolsonaro, soldado de uma guerra híbrida, gestado no país pelas elites incompetentes e Comando das Forças Armadas oriundo das turmas da Academia Militar de de Agulhas Negras dos anos de 1971 a 1980, que ostentam hoje postura “de atividade conspirativa e pela condução do Exército não como instituição permanente de Estado, mas como um órgão faccional, politizado e partidarizado”, como nos revela o jornalista Mino Carta no editorial de sua revista:



Que revela que “O general Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército, confirmou a articulação militar para pressionar o Supremo Tribunal Federal a não aceitar um habeas corpus apresentado pelo ex-presidente Lula, em 2018, para recorrer de condenação em liberdade...”.

É cedo ainda para dizer que a força do Estado Democrático de Direito vai prevalecer neste mar de lama em que se tornou o Brasil, onde, Moro e Dalagnol são desmascarados como inimigos da Justiça Brasileira que a polícia a serviço deles induziu a delegada Erica Marena durante investigações da Lava Jato a inventar depoimento inexistente de uma testemunha e fazer um processo fake.


É cedo para esperar a justificação do Exército difundir medicamentos sem eficácia comprovada para tratar ou prevenir a Covid-19, conforme investigações de ilegalidades no uso de dinheiro público, Ficou submerso na lama explicações sobre compra de bacalhau, picanha ou os R$ 15,6 milhões apenas em Leite Condensado em 2020 tudo com sobre preço.


Emergiu a crise social gerada pelos combustíveis e a decisão do Estado de colocar no mapa o general Joaquim Silva e Luna para substituir Roberto Castello Branco na presidência da Petrobrás, considerado entreguista da empresa para os investidores que nos últimos dia derrubaram o valor da Petrobras em R$ 102,5 bilhões, como forma de pressão. Além da enxurrada de processos contra a ação do governo em benefício do mercado que sentiu o drama, pagando gasolina em duplas de país milionário.


Vivemos um governo militar, não temos dúvidas. As intenções do ministro da fazenda é hoje a redução em 25% do salário do servidor público. O fim de recursos para Educação e Saúde para garantir certa demagogia do auxílio emergencial (necessário como instrumento distribuidor de renda) da população castigada pelo Coronavirus. É o uso, mais uma vez, da dilapidação do potencial brasileiro que vive um verdadeiro genocídio sem vacinas e sem condições de enfrentar a pandemia enquanto diz que prioriza a Economia e engorda o mercado financeiro.


E enquanto isto o Estado agrupa uma tropa que já ocupa em torno 7 mil cargos que passaram a ser ocupados pelos militares, a partir de 2018, dobrando seu soldo, oportunisticamente. Podemos esperar a democracia plena e o conserto de todos estes erros que assolam o país, ou, como quer o presidente Bolsonaro e o Clube Militar, uma espécie de nova ditadura. A casa caiu o que pesa agora é a reconstrução do país, com os generais ocupando sua função constitucional e não mais entrando no embate ideológico da vontade da Nação Brasileira.

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